Por que políticos querem policiais fora da política?

O deputado federal Fábio Trad (PSD/MS) quer que policiais peçam demissão e fiquem 6 (seis) anos de quarentena para poder exercer sua cidadania e concorrer a um cargo eletivo, ganha apoio de Rodrigo Maia e Dias Toffoli, desde que o período seja de oito anos.

Durante esse tempo o policial e sua família irão viver de que?

O que se quer na verdade é eliminar de vez policiais da vida política do país, os renegando uma segunda classe, sub-cidadãos, apenas como instrumentos nas mãos de quem detém o poder, que se aproveitam da lei, como no caso dos crimes militares de motim ou revolta, para poder impor a vontade do grupo político e retirar cada dia mais direito já tão raros aos policiais militares.

Quase todas os fatores do nosso dia, para não dizer todos, passam por alguma decisão política, excluir parcela significativa da população ao acesso as decisões da República é muito mais do que um golpe à democracia, é uma tentativa sórdida de fomentar uma aristocracia gorda e egoísta de tanto sugar nas “tetas” do Estado.

Como demonstrado na clássica e sublime obra de Raymundo Faoro, a tal elite brasileira sempre foi os ocupantes dos altos cargos políticos da Nação, pois ainda engatinhamos no desenvolvimento econômico, restou o dinheiro do povo para alimentar os políticos, naquilo que se tornou a luta de classe brasileira: o Estado contra o povo.

Intrusos foram aceitos, como foi o caso do Partido dos Trabalhadores (PT), o qual Faoro era um dos intelectuais lidos no seu germe. Lido e compreendido. Tomar o poder, vencer a luta de classe, ser a nova classe dominante, sim, eles conseguiram, se tornaram a nova/velha Elite que oprime e engana o povo. Só que o sistema não aceita espertalhões que buscam ser hegemônicos, não dividir os espólios da guerra contra o povo. Assim quem quis ser O Dono do Poder, foi punido pelo Poder. Numa típica cena de guerra de traficantes pela boca.

Porém nada assustou mais do que o fenômeno das eleições de 2018, nomes novo, políticos sendo eleitos sem verbas, propaganda de TV e medalhões sendo humilhados. O PT não assusta mais, ele já é parte do câncer, o problema são esses novos políticos, pessoas que nunca se candidataram, sem grupo político, sem o sangue azul, que falam igual ao povo, que entenderam: ser representante é levar a voz de quem vota e não impor a tal “consciência de classe”, algo do tipo: minha consciência que você é obrigado a seguir, se não é um traidor, se não, não é pobre, não é trabalhador, não é mulher, não é negro etc.

Dentro desses novos políticos lógico que vieram grandes decepções também, mas algo mudou. Guardanapos de linho na cabeça, reuniões na Europa, grandes empresário e “os amigos (e amigo do amigo) do meia pai” viram que podem ser ameaçados. A decepção veio daqueles que usaram o nome ou a profissão como palanque e não como voz das ruas. Não importa a ideologia, político representa um povo e ele que deve guiar suas decisões.

Afinal, tudo isso foi culpa dos policiais? Realmente eles são perigosos assim?

Os policiais não fizeram nada sozinhos, mas foram a parte expressiva das mudanças, manifestação do sentimento de revolta da população. O povo humilde vê naquele que arrisca sua vida todos os dias em prol de uma sociedade ingrata — no caso a mídia, políticos e os grandes influenciadores que decidem a pauta do que se pode falar no Brasil, não o povo em si, pois esse após a revolução das redes sociais vem se libertando da censura oficial, porém veio um grande contra-ataque: tudo que não sair na grande mídia ela classifica como FAKE, mas isso é assunto para outro dia — alguém que podem confiar. Vítima da sociedade são os trabalhadores lesados pelo governo e cansados de serem violentados, mortos e assaltados e ainda terem que suportar ouvir que as vítimas sãos os criminosos.

Sim, todo policial é um líder, seja na área de sua ronda, na família, na rua e isso se mostra de forma mais contundente nas cidades do interior. São um exército gigantesco que começa a despertar e isso tem gerado medo em que engana o povo, em quem vive de regalias e desvios de dinheiro público.

Essa medida que agora ganha apoio de Rodrigo Maia e Dias Tófolli só mostra o poder que o policial tem e que um voto consciente pode fazer tremer um corrupto.